segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O meu primeiro amor



É costume dizer-se que não há amor como o primeiro e é verdade. É sempre o mais marcante. O mais inocente. Aquele que temos gosto em contar a toda a gente, por todas as alegrias que nos trouxe. Ninguém sabe como aparece ou porquê. Mas ele aparece. E nunca estamos preparados. O pior é quando ele acaba. O nosso primeiro amor também é assolador. Magoa-nos mais que uma ferida. E nós nem sabemos donde vem aquela dor. Apenas a sentimos. Juntamente com o medo de que nunca mais voltaremos a ver aquela pessoa de quem gostamos tanto. Pensamos que é o fim do mundo. Ingénuos! Mal sabemos que aquela é a melhor parte da nossa vida. Eu conheci o meu primeiro amor, no 3ºano da escola primária. Os meus pais mudaram de casa, e eu fui arrastado com eles. Conheci novos amigos, novos professores, e uma menina linda que fazia parte da minha turma e por coincidência ou não, viria a ser a minha nova vizinha do lado. Chamava-se Joana Cruz. No início, não nos falávamos muito. Lembro-me que eu era bastante envergonhado e reservado, andava sempre com os rapazes a correr e a jogar futebol. E ela era super mimalhinha, brincava com as outras raparigas. O que também era normal naquela idade. Com o passar do tempo, eu fui-me integrando naquele grupo de amigos, e comecei a olhar para ela com olhos diferentes. Não sabia porquê. Mas de todas as raparigas, ela sobressaía, era a mais bonita para mim. Não tinha defeitos. Mas eu continuava a ser envergonhado e não lhe dizia nada. Era capaz de falar para todas as raparigas menos para ela. Que era a que eu mais gostava. Uma vez a escola levou-nos ao cinema – fomos ver o Astérix e Obélix – e eu dei-lhe a mão. Pensei 20minutos antes de o fazer. Sentia-me nervoso, mas a minha mão parecia querer fugir para junto da dela. E a verdade é que ela nunca mais me largou. Vimos o filme todo de mãos dadas, sem olhar um para o outro, sem comentar. No fim, largamos muito depressa como se estivéssemos com medo de ser vistos. Acho que foi ali, naquele momento, que o meu coração começou a bater mais forte por ela. Quando cheguei a casa, só me lembro de me sentir a pessoa mais feliz do mundo. Eu estava mesmo apaixonado, mas não fazia ideia. Os meus pais começaram a notar, brincavam comigo a dizer que a Joana era minha namorada. Mas eu ficava furioso por dizerem aquilo. Era como se tivessem a dizer a coisa mais maldosa do mundo. Eu não queria ter namoradas. Com o passar do tempo, o meu sentimento foi crescendo. E o dela também. Gostávamos mesmo um do outro, trocávamos cartas de amor… mas tínhamos vergonha de admitir. Um dia, não aguentei mais e declarei-me. Enviei-lhe uma mensagem, para o telemóvel da mãe (porque ela ainda não tinha telemóvel) e disse que a amava muito, que queria namorar com ela. Ela respondeu-me logo, disse que não tinha a certeza se queria namorar comigo. Eu fiquei triste mas insisti, prometi que se ela aceitasse namorar comigo eu portava-me melhor na escola e tirava melhores notas. Ela aceitou! Eu saltei, atirei-me para cima da cama.. fiquei tolinho. No dia seguinte, cheguei à escola e fui direitinho a ela. Dei-lhe um beijinho na cara e sentei-me sem falar nada. Eramos o casal mais fofo da escola. Andava-mos de mão dadas, eu “protegia-a” dos outros, era sempre a primeira rapariga que eu escolhia para a minha equipa, íamos juntos para casa e essas coisas todas. Bem, um dia.. voltei a fazer-lhe um pedido. Queria dar-lhe um beijo na boca! Ela tinha vergonha e eu voltei a ficar triste, porque já muitos dos nossos amigos namoravam e beijavam-se como devia de ser. Nós estávamos sempre um passo atrás e eu, sendo rapaz, tinha muitos mais impulsos que ela. Infelizmente ou felizmente, o nosso primeiro beijo não aconteceu do nada, como acontece nos filmes. Nós combinamos esperar que todos fossem embora da escola e experimentar. E assim foi o nosso primeiro beijo. Durou 2 segundos, mas foi maravilhoso. Arrepiou todo o meu corpo e deixou-me ainda mais apaixonado. Fomos namorando sempre, as coisas iam ficando mais sérias. Até que surgiu o meu primeiro desgosto amoroso. Ela acabou comigo! Senti então aquela dor que não acaba, que parece que não cabe no nosso peito. Eu não sabia porquê, ela não me dizia nada, e eu continuava a gostar muito dela. Depois houve uma altura em que começamos a entrar naqueles jogos de turma, tipo “bate o pé” e jogo da garrafa.. e ela pedia-me para lhe dizer o meu número para que só ela me pudesse beijar, e dizia-me também o seu número para que o contrário acontecesse. Embora eu aceitasse, ficava confuso porque não percebia o porquê de ela me querer só beijar a mim e ao mesmo tempo não querer namorar comigo. Enfim! Acabamos por voltar a namorar e a acabar, começar de novo.. Isto até ao 9ºano. Ela sempre foi a minha menina, mas à medida que o tempo passava parecia que nos íamos entendendo pior. Andávamos sempre tipo cão e gato. E ainda hoje somos assim. A Joana continua a ser muito especial para mim, falamos quase todos os dias, somos grandes amigos e.. vivemos apaixonados um pelo outro. É uma paixão diferente, mas que não termina nunca. Ela diz mesmo que continua a sentir ciúmes de todas as raparigas que se aproximam de mim. Eu dou muito valor a isso. Dou muito valor à nossa relação e a tudo aquilo que vivemos. Ela foi sempre a primeira, juntos fizemos tudo pela primeira vez. E acredito que por essa razão, ela irá ser a última a ser esquecida.

3 comentários:

  1. AWW +.+ que delicia! Nosso primeiro amor é inesquecivel. Eu me lembro bem do meu, tb foi por essa altura. Mas hoje infelizmente nao sei onde anda mais, perdemos contacto bem cedo.

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